quinta-feira, março 17, 2005

Linha da Lousã; -- Um pouco de História

A Linha da Lousã
foi oficialmente anunciado por portaria no reinado de D. Luís, em 1873. Mas esta portaria era apenas o primeiro passo num processo que demoraria 19 anos, até à data da inauguração em 1906.
Em 1887 foi concessionada à firma Fonsecas, Santos & Viana uma linha de via reduzida de Coimbra a Arganil, com passagem por Miranda do Corvo e Lousã.
Pouco tempo depois a firma solicitou a substituição da via reduzida por uma via larga, com a ideia de prolongar o ramal até à Covilhã. No entanto, em 1888 um segundo alvará deu a concessão da via larga à Companhia do Caminho de Ferro do Mondego, num total de 62 quilómetros, ainda de Coimbra a Arganil, mas passando por Ceira, Miranda do Corvo, Serpins, Várzea e Góis.
Um ano depois, em 1889, iniciaram-se os trabalhos de construção dos primeiros 29 quilómetros da linha, entre Coimbra e Lousã. Os trabalhos estavam já em fase adiantada de construção quando, em 1897, foi declarada a falência da Companhia.
Quando em 1900 foi nomeado pelo Tribunal de Comércio de Lisboa um conselheiro para gerir os negócios da Companhia, já as obras executadas se encontravam quase arruinadas.
A dificuldade de obtenção do capital necessário para a conclusão da primeira fase do ramal, entre Coimbra e Lousã, só foi ultrapassada em 1903, e só dois anos depois recomeçaram as obras.
O troço Coimbrã-Lousã foi inaugurado no dia 16 de Dezembro de 1906.
A linha partia de Coimbra-cidade, percorria a Avenida Navarro e Arregaça em direcção à Portela, seguindo pelos vales do Ceira e Dueça até Miranda do Corvo e daí à Lousã.
A circulação no novo ramal começou com quatro viagens diárias, duas entre Coimbra e Lousã e outras duas no sentido inverso, demorando o trajecto cerca de hora e meia. No entanto, e devido à onda de protestos, em 1907 anunciou-se o alargamento dos horários da linha. E foi também nesta altura que o troço se estendeu à Figueira da Foz.
Ainda em 1907, a Companhia tentou continuar o caminho de ferro até Arganil, empreendimento não concretizado devido à mudança da monarquia para a república, ao deflagrar da Primeira Guerra Mundial e às graves crises financeiras do início do século.
Até 1927 foram feitas várias tentativas para concretizar a construção do caminho de ferro até Arganil, mas em 1924 já a Companhia tinha gasto, só no troço entre a Lousã e Serpins, os 10 mil contos necessários para a obra.
A 10 de Agosto de 1930 é então inaugurado o troço Lousã-Serpins e, apesar dos protestos dos arganilenses, até hoje o caminho de ferro não foi concluído.
Até à década de 50, os concelhos de Miranda do Corvo e Lousã mantiveram as marcas da interioridade, tendo mesmo chegado a ficar ameaçados pela desertificação. Mas a partir de 60 tudo mudou. A fácil acessibilidade a Coimbra, proporcionada pelo comboio, provocou o início de um período de crescimento que se mantém até hoje.
Efectivamente, o ramal da Lousã é essencialmente um meio de transporte de mão-de-obra para Coimbra, servindo principalmente a população de Miranda do Corvo de onde provêm dois terços dos utentes da linha.

fonte: jornal "As Beiras"

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