segunda-feira, março 14, 2005

O principio de uma nova era...

Eu tenho um sonho; sonho com um governo que governa para o povo, promovendo o progresso do país, Contra Lobbies e ideias absurdas,tirando o Pais do Pântano. eu tenho um sonho, e espero que ele ainda cá esteja quando acordar.

Jornal Público : 14-03-05

Governo socialista não embarca no TGV de Mexia

Alta velocidade em "Pi deitado" ou "L em pé", com ou sem aproveitamento da modernização da linha do Norte? O novo Governo vai rever as decisões tomadas pelo seu antecessor. Espanha também tem novidades para apresentar

Carlos Cipriano

O novo Governo socialista deverá pôr em causa o projecto de alta velocidade tal como foi apresentado pelo PSD, tendo em conta que aquele partido avançou para o seu plano sozinho, sem fazer um pacto de regime para um investimento multimilionário que vai estruturar os transportes no território nacional no século XXI.
As prioridades dos socialistas vão ser as linhas Lisboa-Porto e Lisboa-Madrid, mas, no caso da primeira, com uma metodologia diferente da que foi apresentada pelo ex-ministro António Mexia em Janeiro. Em vez da construção da alta velocidade articulada com a modernização da linha do Norte, o novo ministro Mário Lino deverá estudar uma solução que consiste numa linha inteiramente nova, segregada da rede convencional.
Dentro do PS há, contudo, visões diferentes sobre a alta velocidade. Depois da morte do "T deitado" (linha Lisboa-Porto com saída a meio para Madrid), anunciada na cimeira da Figueira da Foz quando Durão Barroso apresentou em sua substituição o "Pi deitado" (duas linhas horizontais a sair para Espanha, articuladas com um eixo vertical entre Porto e Lisboa), os socialistas ligados ao sector ferroviário dividem-se agora entre esta última e outra solução, mais pragmática - o "L em pé", que contempla apenas as linhas Porto-Lisboa e Lisboa-Madrid.
Num cenário de pouco dinheiro para investimentos públicos e de grande apreensão em relação aos fundos comunitários para estes projectos, a prioridade dada a estas duas linhas parece justificada, mas será politicamente difícil assumir que o Norte ficará, desta forma, à margem da alta velocidade, com as linhas Porto-Vigo e Aveiro-Salamanca relegadas para as calendas.
Todos, porém, estão de acordo em que os compromissos com Espanha não devem ser revistos, mantendo-se no mapa a linha para Madrid via Elvas/Badajoz.

Espanha recua

Já a velocidade a que o TGV vai circular para Madrid passou a ser, entretanto, uma grande incógnita. Dos 300 a 350 km/h anunciados com pompa e circunstância na Figueira da Foz, passou-se, do lado espanhol, para uma linha de "alta prestações", eufemismo criado pelo Governo de Zapatero para designar as futuras ferrovias que no tempo de Aznar estavam previstas serem de alta velocidade pura e dura (ver PÚBLICO de 12/03/2005).
Magdalena Alvarez, ministra de Fomento, deu dois sinais inquietantes: a linha Madrid-Barcelona já não vai ter comboios a 350 km/h conforme fora projectada e a Madrid-Badajoz contemplará tráfego misto (passageiros e mercadorias). O primeiro significa que a tecnologia actual não foi capaz de pôr em exploração comboios com velocidades tão elevadas (previstos para o Lisboa-Madrid), e o segundo que a - a menos que o investimento seja mais elevado - a linha da capital espanhola à fronteira portuguesa estará parametrizada para velocidades mais baixas, que podem pôr em causa as três horas de viagem entre as duas cidades, tempo a partir da qual o TGV deixa de ser competitivo face ao avião.

Muitas dúvidas por esclarecer na OTA

Repor a Ota no mapa da alta velocidade será outra das prioridades do Governo que agora tomou posse, mas a abordagem poderá não ser a mesma de João Cravinho, que fazia do aeroporto uma peça central no mapa ferroviário e no ordenamento do território. Entre os socialistas ligados aos transportes, há quem defenda apenas uma ligação do tipo "navette" entre a Ota e Lisboa e quem entenda que ali deverá funcionar uma placa intermodal com ligações à alta velocidade e à rede convencional. O financiamento destes projectos é que continua a ser uma equação não resolvida, havendo agora grande expectativa sobre Bruxelas quanto à possibilidade de a revisão anunciada do Pacto de Estabilidade e Crescimento do euro passar a permitir que obras públicas que contribuam para o desenvolvimento e criação de emprego não entrem no cálculo para o limite do défice nos três por cento do PIB

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