segunda-feira, abril 11, 2005

Será assim tão dificil chegar lá?

Não retiro nem acrescento uma virgula ao artigo: Realista, verdadeiro...Que dirá o Dr Encarnação?

O que fez ele em Prol de Coimbra e do bem estar do seu Povo?? Dá que Pensar...


por: António José Roque

Um metro chamado utopia



Hoje assisti à notícia da apresentação, nos EUA, dos primeiros automóveis movidos a hidrogénio, já há algum tempo anunciados, o que me fez pensar novamente em toda a questão envolvendo comboios e metropolitanos cá pela região. Sou admirador do caminho-de-ferro, por tudo o que este representa, e toda esta cacofonia em torno do assunto causa mais espanto e confusão do que esclarecimento. É a indústria que passa por dificuldades, é o fim da exploração de infra-estruturas, são os projectos egocêntricos e caprichosos que não são soluções viáveis, e muito menos válidas num contexto de globalização.
Em matéria de urbanismo, arrisco dizer que Coimbra acumulou desde meados do século XX sucessivos erros, agravados no pós 25 de Abril de 1974. Veja-se o desenvolvimento das malhas e traças urbanas. Veja-se o caso recente do “euro estádio”. Veja-se o estado do património, a começar pela degradação a que chegou a igreja de Santa Cruz...
Em matéria de transportes públicos, quando o conceito de interfaces modais já é uma solução conhecida para os problemas de trânsito, há mais de trinta anos, Coimbra manteve já no século XXI a velha concepção da praça de camionetas (Arnado), coexistindo com o conceito da Ecovia. Ainda hoje, Coimbra não tem, verdadeiramente, uma interface modal entre os transportes públicos de médio e longo curso e os restantes transportes públicos urbanos. As camionetas lá vão parando pela cidade.
Preparando-se, quiçá para o século XXII, Coimbra quer um metro de superfície. Será que o antigo complexo de inferioridade do Porto, relativamente a Lisboa, passou para Coimbra? E com este desejo qual é a primeira coisa a fazer? Privar milhares de pessoas de algo que usufruem há largas dezenas de anos, que para muitas é imprescindível e que há muito constitui um factor de sustentabilidade?
Até há pouco tempo, esta era a cidade com o custo da habitação mais elevado do país e, em contrapartida, a que menos qualidade de equipamento e mobiliário urbano oferecia. Ao praticar uma espécie de entropia, ao longo de muitos anos, conseguiu isolar-se e isolar tudo o que a rodeia. Hoje, como que alinhando pela moderna bitola das regiões metropolitanas, arrisca continuar práticas antigas e aí, o estatuto de capital da cultura, não conseguirá superar o de capital dos promotores imobiliários de 3ª categoria.
A realidade é diferente daquela que nos querem fazer perceber, e o estranho é que a maior parte de nós sabe qual é. Ou trinta e um anos de democracia não serviriam para nada.
A região metropolitana de Coimbra é um objectivo importante para toda a região e poucos terão dúvidas quanto a isto. Quanto ao metro de Coimbra, é um projecto importante para Coimbra, mas a sua imprescindibilidade actual não vai para além de interesses imobiliários centrados na Av. Fernão Magalhães e na sua paralela ribeirinha, cuja necessidade de reabilitação é indiscutível.
Existem grandes dificuldades em fazer o que é preciso: veja-se o parto do Hospital Pediátrico, que por enquanto não passa de um cartaz. E grandes facilidades em fazer o menos preciso: caso do “euro estádio”.
A construção é uma actividade importante para a economia, mas não é o motor da economia, ao contrário do que muitos advogam. As pessoas são o verdadeiro motor da economia. “Dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e ergo o mundo”.
É importante que tomemos consciência que as reservas de petróleo conhecidas actualmente não chegarão para mais de 40 anos e que, por outro lado, os veículos movidos a energias alternativas estão ainda longe de ser uma realidade expressiva.
Face a estes cenário, não serão preferíveis soluções sustentadas, entenda-se mais abrangentes, distribuídas e orientadas para o desenvolvimento no futuro?


António José Roque | 06 Abril 2005

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