terça-feira, janeiro 18, 2005

O Futuro...que (não?) teremos

Foi hoje,dia 18.01.05, anunciado pelo ministro António Mexia numa clara demagogia pré-eleitoral:
Comboio de Alta Velocidade-Lisboa Oriente (!), Leiria, Coimbra,Aveiro,Porto, com a construcção integral de 260km´s de via , não especificando a bitola, construida de raiz; 40 km´s usando o corredor já existente da linha doNorte (!!). Grandes cabeças geram grandes ideias, sem dúvida!...misturar bitola europeia com bitola ibérica no mesmo corredor?
Quando questionado sobre esta opção, o ministro tinha já a resposta, na ponta da língua: que a poupança equivaleria ao custo de vários Hospitais, ainda que o trajecto actualmente proposto demore mais 25 mn do que o anteriormente em estudo.

Confirmou também que serão construidas não uma mas duas novas travessias sobre o Tejo (ah fartura!):rodoviária entre Algés e Trafaria, com um custo estimado de €500 milhões.
Outra Ferróviária entre Chelas e o Barreiro.

Poupar €1300 milhões numa ligação ferroviária prioritária para investir numa travessia rodoviáriaque trará mais automóveis para a capital[quando era plausível uma ponte mista], já mais que saturada, não me parece de todo a melhor opção.

O que me tranquiliza é que tanta convicção após anos de incerteza e recuos não passa de uma mera promessa eleitoral em que o segundo capítulo agendado para daqui a um mês,[2 dias antes do acto eleitoral que vai escolher o novo governo] dedicado à nova travessia ferroviária.

Na minha opinião, modesta, de cidadão(verdadeiramente) preocupado, é que ao invés do afirmado pelo ministro, sobre a conclusão da ligação ferroviária Lisboa-Porto, para 2012 [contrariando o estudo da RAVE que apontava 2015] , é que não deviam fazer promessas que não possam cumprir.

Na próxima década, só antevejo, debates, estudos, burocracias,alterações, mentiras ,atrasos, perdas de fundos, lamentos e acusações;...Enfim, o costume.


Queira Deus ( e a UE) que esteja enganado.

4 comentários:

Anónimo disse...

Vários esclarecimentos:
- o comboio de alta velocidade não aproveitará troços em bitola ibérica. Aproveitará as novas variantes que irão ser feitas em bibitola.
- Os 25mins de diferença representarão, por alto, uma diminuição de 5% no volume de negócios. Acho aceitável, tendo em conta a realidade portuguesa actual.
- Quanto à travessia rodoviária, não percebo esta opção. No entanto, foi sublinhado que a entrada em Lisboa será tarifada, para que a ponte não seja um incentivo para entrar em Lisboa de carro... acho coerente, mas duvido da sensatez do povo português...
- Tenho sérias dúvidas se o governo pode decidir um projecto desta envergadura. No entanto, fico triste por só quando não podem decidir é que se decidem a avançar com isto.
- Todas as estações têm, já hoje, condições para receber a alta velocidade (Coimbra começará a ser reconstruída este ano, Aveiro e Campanhã estão preparadas, Leiria será de raíz), tenho apenas dúvidas quanto à capacidade de Lisboa Oriente absorver mais comboios nas suas 8 linhas.
Para terminar, fico satisfeito pela construção da ponte Chelas - Barreiro e pelo plano apresentado. Acho razoável, coerente, e servirá os interesses do caminho de ferro português. Lisboa - Porto em 1h35mn representará uma média de 200km/h, comparável, portanto, aos 220km/h percurso Paris - Bruxelas (mas este feito sem paragens), o corredor europeu mais frequentado. Quanto aos quilómetros de rede partilhada com a linha do Norte... prevendo que serão apenas duas vias, o tráfego deve ser muito bem planeado, mas atendendo a que os TGVs devem lá andar a 200km/h, será um esforço semelhante ao que é feito hoje em dia para os Pendulares. Mas também ainda ninguém disse que os 40kms não serão duas linhas do TGV ao lado das 2 do Norte... aproveitando a plataforma.

João Cunha

Anónimo disse...

Modéstia à parte, segue o link para um artigo com argumentos e que analisa esta questão sobre o ponto de vista das implicações que tem no terreno, e não na simples e habitual perspectiva de criticar as decisões ministeriais. Ah, não se recomenda a pessoas sensíveis, o artigo está assinado!
http://www.portugalferroviario.com/blog/index.php?id=12

João Cunha

Patacôncio disse...

Esqueceste te do Aeroporto da OTA...

É oficial...a crise foi para as caraibas até ao dia 20 de fevereiro...

Anónimo disse...

Tudo o que te possas queixar acerca das ligações ferroivárias em portugal tem um nome ... imobilismo guterrista. [é favor ler até ao fim].
O "TGV" Porto-Vigo perdeu o seu canal de preferencia para uma linha de electrico muito raquitica ... havia ali canal para meter uam via dupla apta a 200km/h com comboios rápidos de hora a hora para Porto-V.Castelo-Caminha-Vigo e regionais de 15 em 15 minutos em terreno luso. com uma ponte nova em caminha comum ao IC1 e ao "TGV".

As ligações a sul sofreram do efeito "guterrista" de fazer obra só e apenas para mostrar e ganhar votos.

Não lembra nem ao diabo fazer uma linha de 200kmh em via dupla em sentido sul-norte ... para sair de lisboa em direcção a sul,mas fizeram-na. [Fogueteiro-P.Novo via Penalva (que fica 10km's a sul de ambas as acima mencionadas)]

Uma ligação Fogueteiro-Barreiro implicaria menos 30km's de linhas novas, menos um tunel e uma linha de 140/200kmh apta a servir mais de 600 mil habitantes. O que a opção actual não faz nem nunca fará.

Quanto ao factor TGV no Oriente é uma solução que já se sabia á partida que seria tomada e tem a sua logica atendendo a que o "TGV" na ligação Lisboa-Porto não será (nem deve nunca vir a ser) uma ligação Lisboa-Porto sem apragens mas sim uma ligação rápida entre as principais cidades do pais.
Ligações de hora a hora Porto-Lisboa em 1h30 directo e Braga-Setubal em 2h30 com as paragens intermedias acima assinaladas parece um serviço bastante rasoavel numa prespectiva de "encaixe" na rede de Alta Velocidade Europeia.

Já a Ligação Lisboa-Madrid em TGV é puramente utopica mas uma ligação Lisboa-Coruche(?)-Elvas-Badajoz-Caçeres-Talavera-Madrid tem condições para se tornar uma "montra tecnologica" ao mais alto nivel. Deixando em aberto a hipotese de se criar uma verdadeira rede de alta v elocidade regional no alentejo (com ligações a 200/250 de todas as aldeias a lisboa).

Quanto á ligação rodoviária TRAFARIA-ALGÉS só pode ser contra esta ligação quem nunca circulou pela zona. é o mesmo que dizer que a ponte do freixo não tem justificação porque já existe uma ponte na arrabida. logo se vais de um lado para o outro do rio fazer 10km's para o lado ... passas o rio e andas 10km's para o lado oposto ...