quarta-feira, julho 06, 2005

Mais um caso Anormal....para um autarca também ele...

De seguida anexo notícia do Jornal Publico sobre Viseu:
É pois Viseu a maior cidade Europeia sem comboio....que eu saiba (mas não é para ser lembrado, ao que parece) Viseu já teve Caminho-de-Ferro, inglóriamente encerrado, em 1 de Janeiro de 1990...comentários para que? Já nem o edificio da estação existe, substituido por uma rotunda no final de uma megalómana Avenida...da Europa.

Agora, tão pouco tempo passado e depois de o Autarca se ter batido pelo encerramento do Camnho de ferro, vem dizer que há muito que se bate para trazer o comboio para Viseu (!!) (perdoem-me o que se segue:) QUEM TE BATIA ERA EU, MEU SACANA!!!! E DE TAL FORMA QUE FICAVAS A PENSAR COMO DEVE SER.

E, o desfecho é sempre o mesmo...ou quase. Veja-se Mansfield.

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PUBLICO
4.7.05
CARLOS CIPRIANO

Expectativas sobre a alta velocidade têm comprometido solução mais
rápida e barata da ligação da cidade à Linha da Beira Alta. "Viseu é
a maior cidade da Europa continental que não é servida pelo caminho-
de-ferro", disse ao PÚBLICO o especialista em Transportes Manuel Tão,
à margem do 4.° Encontro da Transportes em Revista, que se realizou
na terça-feira em Lisboa. "Causa perplexidade como é que, tendo
sempre existido disponibilidades financeiras para beneficiar os eixos
rodoviários de centros urbanos com mais de 90 mil habitantes, como
Viseu, tem prevalecido uma completa ausência de vontade política para
colmatar a pouca distância que separa a cidade da modernizada Linha
da Beira Alta", acrescentou o mesmo especialista, que
considera "absurdo" estar-se à espera da linha do TGV Aveiro-
Salamanca, "que provavelmente demorará décadas a ser construída",
para acabar com este isolamento.

Doutorado em Economia de Transportes, Manuel Tão diz que voltar a
ligar Viseu à rede convencional "deveria constituir um desígnio
nacional nas políticas de obras públicas prioritárias dos anos
próximos, aproveitando-se o facto da região permanecer elegível para
Fundos Europeus de Objectivo I, no próximo Quadro Comunitário de
Apoio".

No entanto, a Refer, no seu plano de investimentos para 2005, não tem
qualquer verba afecta para estudar sequer esta ligação, embora exista
já algum trabalho feito sobre a possibilidade de se construir um
desvio à Linha da Beira Alta, entre Mangualde e Nelas (ou Santa Comba
Dão), para servir Viseu.

De acordo com Rui Reis, porta-voz da empresa gestora de infra-
estruturas ferroviárias, a questão do isolamento de Viseu está a ser
considerada no âmbito do projecto da alta velocidade, que prevê um
corredor de TGV entre Aveiro e Salamanca, a construir entre 2011 e
2015.

Esta foi, de resto, a promessa do Governo de Durão Barroso, embora o
cumprimento daquelas prazos pareça hoje pouco crível, dado que os
recursos disponíveis têm sido aplicados no desenvolvimento das linhas
Porto-Lisboa e Lisboa-Madrid. Manuel Tão diz que não há "perspectivas
reais" de o acesso de Viseu à rede de alta velocidade ver o início
das obras "antes de 2020" e a exploração do sistema a arrancar "antes
de 2025".

Lembra que o projecto da alta velocidade custa 2,2 mil milhões de
euros, enquanto a simples ligação de Viseu à Linha da Beira Alta, em
rede convencional, nunca ultrapassaria os 250 milhões de euros,
poderia beneficiar de uma comparticipação do Feder de 34 por cento a
fundo perdido, e ficar concluída em 2012.

Actualmente, a cidade é servida pelas estações de Nelas e Mangualde,
mas com uma estação a construir na zona do Hospital de S. Teotónio ou
do Palácio dos Desportos, a viagem Viseu-Lisboa, num comboio
Intercidades convencional, poderia demorar apenas duas horas e 30
minutos. "Isso tornaria o transporte ferroviário atractivo e
retiraria, seguramente, um trânsito significativo da estrada", prevê
Manuel Tão. Por outro lado, este especialista adverte que esta
solução não era incompatível com o projecto do TGV, desde que a
estação a construir fosse concebida para funcionar como plataforma
intermo-dal, onde pudessem coexistir a alta velocidade e a ferrovia
clássica.

Viseu ficou sem comboios no dia l de Janeiro de 1990, quando fechou a
Linha do Vouga, que ligava a cidade a Aveiro. O ramal para Santa
Comba Dão já tinha sido encerrado em 1988.

Fernando Ruas retoma exigência da ligação ferroviária
MARIA ALBUQUERQUE

Associação empresarial defende "linha de velocidade alta", mas "muito
longe do TGV". Comerciantes consideram que ligação ferroviária seria
benéfica para o sector.

Ver regressar o comboio a Viseu é uma velha aspiração do presidente
da câmara, Fernando Ruas, que não deixa de sublinhar que esse é um
investimento da competência da administração central. Confrontado com
as declarações de Manuel Tão, especialista em Transportes, o autarca
social-democrata considerou que, provavelmente, "está na altura de
voltar à antiga reivindicação". "Se é um especialista que diz isso,
então acho que devemos insistir. Esse é um investimento que não
depende de nós, mas do Governo, por isso a reivindicação não deve
passar só pela câmara, mas também pelos deputados eleitos para a
Assembleia da República, que são os interlocutores do distrito junto
da administração central", realçou ao PÚBLICO.

Fernando Ruas lembrou que, "no final do Governo PS de António
Guterres e princípio do [executivo PSD] de Durão Barroso", a câmara e
a CP - Caminhos-de-Ferro Portugueses desenvolveram um projecto que
previa a ligação da cidade à Linha da Beira Alta, em Mangualde ou
Nelas. "Essa ligação estava definida, eu vi o projecto. Chegou a ser
colocada uma verba em PIDDAC e depois foi retirada, com o argumento
de que não valia a pena duplicar investimentos, dado que o TGV ia
passar em Viseu", afirmou.

O projecto inicial previa que a estação ficasse localizada ou na
freguesia de Ranhados ou na de Fragosela, ambas fora do perímetro
urbano. A solução não agradou à CP, que impôs como condição a
instalação de uma estação na cidade, alegando que só assim o comboio
seria rentável. A ideia agradou a Fernando Ruas, que projectou fazê-
la nas proximidades da segunda circular, inaugurada há menos de um
mês.

"Este projecto tinha na altura um investimento previsto [por parte do
Estado] de 125 milhões de euros, o que até não me parece muito",
disse Ruas, vincando que a condição imposta pela câmara era que a
ligação contemplasse o transporte de mercadorias e de passageiros,
com pendulares directos Viseu-Lisboa e Viseu-Paris. "Aceitámos o
argumento de que não valia a pena duplicar investimentos e que o TGV
seria uma solução adequada, mas, ultimamente, tenho lido e ouvido
muitos defensores do 'T deitado' [que consiste num eixo Lisboa-Porto-
Vigo]", lamentou.

AIRV defende "velocidade alta"

O presidente da AIRV -Associação Empresarial de Viseu, Luís Paiva,
declarou ao PÚBLICO que existem posições muito antagónicas entre
diferentes especialistas, todas com "argumentos válidos". "O que a
AIRV defende é uma linha de transporte de velocidade alta, muito
longe do TGV [que permite velocidades de 320 quilómetros por hora].
Transporte de velocidade alta significa que, com mercadorias, circula
entre os 150 ou 180 quilómetros hora, sendo que a mesma estrutura
permite circular a 250 quilómetros por hora com passageiros",
explicou. Além disso, Luís Paiva recordou que "a Linha da Beira Alta
não tem a bitola europeia". "Se não houver a definição do modelo
técnico e do trajecto, se não houver força política, é natural que,
face ao estado das finanças públicas, estes investimentos vão sendo
preteridos", lamentou.

Já o presidente da Associação de Comerciantes de Viseu,
GualterMirandês, não tem dúvidas de que uma ligação ferroviária à
cidade iria beneficiar o sector comercial do concelho. "A
palavra 'absurdo' [utilizada para o facto de se estar à espera do TGV
Aveiro-Salamanca] talvez seja demasiado forte, mas [a ligação à Linha
da Beira Alta] é uma reivindicação justa. A cidade já tem boas
ligações rodoviárias, mas as ferroviárias são extremamente más",
sublinhou. "O sector comercial precisa de uma ligação ferroviária
urgente, seja através do TGV ou de outra qualquer, porque quanto mais
ligações houver, melhor", acrescentou. •

O exemplo de Mansfield

O isolamento ferroviário de Viseu assemelha-se multo ao caso da
cidade Inglesa de Mansfield (na região de Nottingham), que, com os
seus 85 mil habitantes, foi até ao fim da década de 90 o maior centro
urbano da União Europeia sem caminho-de-ferro. Mansfield foi privada
do transporte ferroviário nos anos 60, quando se desmantelaram multas
linhas regionais em toda a Grã-Bretanha.

Mais tarde, com o aumento demográfico, foi-se tornando claro que a
situação da cidade era Insustentável, pois tinham-se construído
itinerários principais e vias rápidas que se encontravam em
congestionamento permanente. O Governo de Londres autorizou então a
reabertura da linha de Mansfield, tendo sido necessário reassentar a
via por completo e reconstruir estações desaparecidas do mapa quase
três décadas antes.

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Palavras para quê; É um autarca Português!!

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